Tempo de leitura: 11 minutos
Se você é um profissional de marketing (tanto em início de carreira ou com anos de bagagem) com certeza já notou e tem presenciado na pele as transformações que a internet e a tecnologia tem causado no seu dia a dia. As competências e habilidades que antes funcionavam hoje já não funcionam tão bem como antes ou precisam ser complementadas por outras novas que sequer existiam no passado.
Isso pode ser um tanto assustador.
Eu vivi isso na pele. Ainda na faculdade (cursando Publicidade e Propaganda), há mais de 10 anos atrás (antes do iPhone), eu entendia que o futuro do marketing caminhava muito para o digital. Não tinha ainda a real dimensão do poder que isso teria, mas sabia que era uma tendência que não poderia ser ignorada.
Entretanto, na faculdade, eu pouco ou nada vi sobre isso. Alguns termos como: Links Patrocinados, SEO (Search Engine Optimization), E-mail marketing, e-commerce, Mídias sociais não faziam parte do universo acadêmico (pelo menos não naquela época).
Isso há mais de 10 anos atrás. Não tenho muita convicção para acreditar que muita coisa mudou (em relação à velocidade de atualização do cursos) nas faculdades de lá pra cá – pelo menos nos cursos de graduação, regulados pelo MEC.
Para piorar, em 10 anos pra cá a velocidade com que as coisas mudaram foi absurdamente maior do que na década anterior:
- Novas tecnologias e Novas ferramentas surgindo a cada mês
- O surgimento, expansão e dominação do mobile (com o lançamento do iPhone em 2007 e, posteriormente, o Android em 2008)
- Com o mobile, o surgimento de uma nova indústria: os Apps
- Ferramentas de Automação de Marketing
- Expansão do Inbound Marketing e Marketing de Conteúdo
- Dados e mais dados disponíveis (Web Analytics e Big Data)
- Metodologias de crescimento – Growth Hacking
Isso para citar apenas algumas, essa lista poderia ser bem maior. Agora, sejamos realistas: Você acha mesmo que as faculdades e universidades conseguem acompanhar essas mudanças em tempo real (considerando seus cursos de graduação)? Eu não acredito (mas isso é assunto pra outro post).
Imagine o impacto dessas transformações para o profissional de marketing nos últimos 10 anos. Quem não se reinventou está perdendo (ou já perdeu) espaço e será cada vez mais difícil depender apenas dos títulos acadêmicos ou mesmo realizações anteriores para garantir sucesso no marketing de hoje.
Pensando nisso, decidi escrever esse post com quatro competências e habilidades que considero essenciais para o novo profissional de marketing. Vamos a elas?
Competências e Habilidades do Novo Profissional de Marketing
#1- Ser Data-Driven – Orientado a dados
Tudo é conectado. Tudo gera dados. Tudo é mensurável.
Partindo dessa premissa, ter um perfil analítico poderá lhe ajudar muito num mercado em que existe dados para tudo. A partir deles você poderá obter informações importantes e tirar insights valiosos para sua estratégia de marketing.
A tecnologia nos auxilia sobremaneira nos dias atuais a utilizar ferramentas para testar e validar hipóteses. Um exemplo prático:
Conversão: Você tem dúvidas se uma landing page ou a tela inicial de um app converterá mais usuários utilizando determinada cor, imagem ou uma chamada específica em detrimento de outra? Simples. Rode um teste A/B e em pouco tempo você terá a melhor resposta. Com a versão campeã, você poderá rodar mais e mais testes para ver o que converte melhor, sem achismos.
Esse é um exemplo minúsculo, de uma determinada campanha, de um determinado projeto, de um determinado departamento. Agora, imagine a quantidade de dados que não somente o marketing como todas as demais áreas da empresa geram? Pode ter muita oportunidade e também muitos problemas “escondidos” aí.
Com isso, o profissional de marketing capaz de analisar, sintetizar e extrair informações valiosas desse universo cada vez mais complexo de dados gerados sem dúvida será muito valorizado no mercado.
Portanto, fique atento. Se você é um profissional de marketing e mal sabe analisar os dados do seu site com o Google Analytics você deveria se preocupar. Você pode começar por aqui =)
#2- Aprender a Aprender (e desaprender) e o Learn by Doing
Citando Alvin Toffler: “Os analfabetos do próximo século não são aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que se recusam a aprender, reaprender e voltar a aprender”.
Num mundo de mudanças tão rápidas é imperativo que o profissional tenha fome de aprendizado. E aqui não estou falando apenas de aprendizado teórico visto em salas de aula, por exemplo. O conceito “Learn by doing” (ou aprender fazendo) vai de encontro ao que eu acredito que fará a diferença aos profissionais de marketing de hoje e nos próximos anos.
Dessa forma, ser um profissional curioso, observador e que entende e propõe o teste de novas ferramentas, funcionalidades, processos é o perfil que eu acredito que irá se destacar no mercado.
O conceito de learn by doing praticamente traz outro conceito junto a ele, que é o: Fail fast (ou Falhe rápido, em português), popularizado pelo livro de Eric Ries, A Startup Enxuta. Se você tem um time de marketing, vendas ou engenharia orientado ao “aprender fazendo” é fato que erros e falhas acontecerão ao longo do caminho.
O conceito de Fail Fast valoriza a experimentação em projetos com o objetivo de buscar ideias que possuam valor real no mercado. A melhor forma de descobrir se projetos possuem potencial ou não é rodando-os no “mundo real” com um MVP (mínimo produto viável – uma versão básica e enxuta de seu produto).
Uma vez que se detecta rápido os pontos que podem levar ao fracasso e se inicia uma nova bateria de ideias e testes, é possível diminuir o investimento de tempo e dinheiro.
Portanto, ter apenas um diploma na área de marketing já há algum tempo não é garantia de nada. Estude por conta própria, vá atrás de livros, blogs, cursos, eventos e outros profissionais que lhe auxiliem em sua jornada e, mais importante, aplique o que você aprendeu na prática no dia a dia do seu negócio. Só assim você aprende de verdade e conseguirá extrair lições importantes.
#3- Criatividade
Para apenas se ater ao profissional de marketing digital: Sabemos que as mídias pagas estão cada vez mais caras e concorridas. Você dá o seu melhor, estuda, testa, monitora e mesmo assim os resultados não são tão bons como costumavam ser há alguns anos atrás. É preciso sair da caixinha.
Sejamos francos. A criatividade é uma competência que há muito se exige de qualquer profissional de marketing (antes mesmo da internet), então por que ela estaria nessa lista?
A criatividade está aqui pois o mercado exige novas soluções para novos problemas. Com a tecnologia trazendo reinvenções constantes, o profissional de marketing deve ser capaz de observar com atenção o universo de possibilidades à sua volta e trazer à sua realidade aquilo lhe interessar.
São novas tecnologias, novos conceitos, novas formas de interação, novas formas metrificação, etc.
Um exemplo: De repente, o profissional de marketing pode encontrar uma ferramenta recém criada no interior de Israel que, combinada a um sistema que já possui, poderia ser aplicada em seu negócio aqui no Brasil e poderia fazer a diferença (pelo menos no curto prazo – até a concorrência copiar) para a geração de leads em seu negócio.
Isso é estar atento, ser curioso e também criativo, por que não.
A criatividade é a nossa capacidade de solucionar problemas, portanto, ela será cada vez mais exigida ainda mais em tempos de inteligência artificial em que as máquinas farão cada vez mais trabalhos de análise de dados, tarefas “mecânicas” ou facilmente replicáveis.
#4- Estar aberto, incentivar e fazer a interface com outras áreas da empresa
O novo profissional de marketing deve estar conectado com as áreas de vendas, produto, engenharia. Não faz mais sentido ficar dentro de uma caixinha departamentalizada (aliás, empresas com essa característica sofrerão muito nos próximos anos e, se não mudarem, correm o risco de sumir do mapa atacada por concorrentes mais velozes, horizontais e com equipes multidisciplinares focadas em crescimento).
Esse mercado não mais comporta empresas com estruturas lentas, burocráticas e hierarquizadas para tomada de decisão. E aqui não estou falando apenas das mega corporações com seus milhares de funcionários mas também de pequenas e médias empresas já que a lentidão e a inércia no processo de tomada de decisões pode afetar empresas de qualquer porte.
Nesse texto quero tocar num ponto que me parece fundamental sobre a velocidade (e qualidade) na tomada de decisões e que tem a ver com a comunicação interdepartamental. O profissional de Marketing deve estar em contato constante com o departamento Comercial e também o de Produtos, Engenharia, Desenvolvimento, TI.
Para alguns mercados como de SAAS (Software-as-a-service) e algumas Startups, o Marketing deve estar super alinhado com o Departamento de Sucesso do Cliente, por exemplo. A visão e o empenho de um time multidisciplinar tem melhores condições de tomar decisões mais assertivas e velozes do que cada equipe trabalhando dentro de sua “caixinha”.
Isso tudo é muito simples de dizer, mas difícil de aplicar, sobretudo se a cultura da empresa e suas lideranças não tomarem medidas claras para que essas trocas entre departamentos aconteçam e sejam incentivadas.
Para sair do status quo exige-se uma energia enorme e sabemos como é muito difícil fazer avanços significativos. Os líderes dessas empresas devem, primeiro, entender a nova dinâmica de mercado e como sua organização está se comportando em relação a ela, para, a partir disso, possam propor e discutir soluções junto ao time.
Se você é um profissional de marketing que se preocupa com o futuro de sua empresa e sente-se muito dentro da “caixinha” do departamento de marketing você deveria olhar para isso hoje e propor discussões e soluções internas de forma a fazer com que as pessoas de departamentos diferentes falassem mais umas com as outras (obviamente com um foco e objetivo definido). Como já disse, não é fácil, mas possível iniciar um movimento dentro da empresa, conquistar aliados para a sua ideia com o objetivo de melhorar essa comunicação entre departamentos e a consequente melhoria na proposição de soluções e velocidade de resposta.
O que não mudou:
Talvez o mais importante: Apesar de todas essas mudanças, o que permanece inalterado?
O seu cliente/consumidor, suas dores, desejos e necessidades continua sendo o foco. É pra ele que você trabalha e não importa quanta tecnologia tenha envolvida no processo é ele quem decide se vale a pena confiar em você, no seu produto, na sua promessa, na sua marca.
Tudo o que eu citei acima só faz sentido no marketing quando entendemos a fundo como podemos atender melhor nosso cliente. Faz sentido?
Concluindo…
Essas são algumas das competências e habilidades que eu considero fundamentais, no entanto, com certeza há espaço para outras tantas desejáveis para o profissional de marketing atual e que farão a diferença nos próximos anos.
E você? Quais competências e habilidades considera essenciais para o profissional de marketing atual?
Adoraria ver seus comentários!
Obs: Esse artigo foi publicado primeiramente no blog da Mirago. Caso queira aprender mais sobre Marketing Digita, confira nosso Curso de Marketing Digital Gratuito